segunda-feira, 16 de março de 2015

Caso Kliemann: a história de uma tragédia

   Celito de Grandi produziu um livro-reportagem para nos contar a história de uma tragédia e de uma família destruída. Um crime que pertubou a Porto Alegre dos anos 60 e protagonizou as manchetes dos jornais da época. Mais de quarenta anos se passaram, Celito precisou de uma pesquisa bem apurada para resgatar as informações e os preciosos detalhes que se perderam no tempo. A investigação garantiu vivacidade e veracidade.
   No entanto, o jornalista foi humano e cuidadoso o suficiente para não transformar um drama familiar em um simples objeto de pauta. O drama em questão contou com alguns elementos fatais: uma família tradicional e ascendente, uma mídia tendenciosa e inconsequente, investigações preguiçosas e equivocadas e um cenário político inflamado.
   Trata-se, inicialmente, do assassinato de Margit Kliemann. No dia 20 de junho de 1962, roubaram a vida da linda esposa de Euclydes Kliemann em seu lar. Margit deixou um esposo apaixonado, três filhas e uma vida pela frente. Como se não bastasse a tristeza que atingiu a família, Euclydes ainda foi considerado suspeito pelo morte de sua mulher.
   Kliemman era deputado. Isso explica muita coisa. Interesses políticos e linhas editoriais movimentaram as repercussões do crime. Os jornalistas frenéticos lançavam quaisquer palpites e informações na ânsia de vender. O jornalismo travestia-se de investigação.
   Infelizmente, Kliemann morreu antes de ver sua inocência declarada. Ele também foi assassinado um  ano depois. O som do tiro que o matou ecoou pelas ondas do rádio. Foi um crime transparente e ao vivo. A tristeza da família Kliemman foi maximizada.
   Ficaram as três órfãs. Susana, Virgínia e Cristina têm traumas e feridas irreparáveis. O Caso Kliemann resultou em um livro que carrega densidade em suas páginas e uma lição para a sociedade, o jornalismo e a política: alienação, interesses e equívocos podem ser destrutivos quando somados.

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